Federação de Judô de Mato Grosso do Sul

PROFESSOR JOSÉ PEREIRA DA SILVA (RJ) – UMA HISTÓRIA DE VIDA

Uma enciclopédia do judô brasileiro a serviço das Olimpíadas Escolares para atletas de 12 a 14 anos, que estão sendo disputadas em Poços de Caldas (MG). Condecorado como árbitro mais velho em atividade, em 2007, pela Federação Internacional e Judô (FIJ), durante o Mundial do Rio de Janeiro, José Pereira Silva, está com 81 anos e continua prestando seus serviços ao esporte nacional.

Coordenador técnico da arbitragem nacional da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e diretor de arbitragem do Rio de Janeiro desde 1989, o professor Pereira, como é conhecido, é árbitro internacional há 25 anos.

“Judô para mim é sacerdócio, já são 57 anos no esporte. Como atleta não conquistei nada, até porque comecei com 24 anos, muito tarde. Treinei e competi com o maior judoca de todos os tempos na minha opinião, o falecido Lhofei Shiozawa. Até hoje não apareceu nenhum atleta tão técnico quanto ele. Disputamos inclusive uma final de campeonato brasileiro, só não me pergunte quem ganhou”, disse, com um sorriso nos lábios.

Em todos esses anos no esporte, o que mais marcou a vida do professor Pereira foi o primeiro mundial que arbitrou na carreira, em 1984, na Bélgica.

“O Aurélio Miguel estava começando. Essa competição foi muito marcante porque, além de ser o meu primeiro mundial, eu era o único representante das Américas e arbitrei a final entre um francês e um japonês que era o campeão olímpico. Nunca fiquei tão nervoso em toda a minha vida”, considerou.

Pereira saiu de Alagoas aos 22 anos, para se tornar uma das figuras mais respeitadas desse meio. Foi para o Rio de Janeiro tentar jogar futebol pelo Flamengo, influenciado pelo amigo Dida, um dos grandes artilheiros do time.

“Eu me achava bom para isso, mas chegou um momento em que ou eu batalhava ou ia passar fome”, lembrou.

“Não foi uma carreira muito difícil, mas foi cheia de altos e baixos por causa da minha idade, e por causa da época. Eram tempos de hegemonia japonesa, ninguém entendia muito do esporte. Me superei com força de vontade”, afirmou.

No decorrer da sua carreira quebrou dedos, braço, clavícula e hoje tem a cabeça do fêmur feita de titânio e aço.

A arbitragem no judô é uma das mais difíceis. É preciso ser judoca, e, necessariamente, faixa preta na modalidade para se tornar árbitro. Pereira conquistou a sua aos 42 anos. Esse amante confesso do judô fez o primeiro curso de arbitragem do país, em 1970. Como árbitro, participou de inúmeras competições estaduais, nacionais, sul-americanas, pan-americanas e mundiais. Vale ressaltar que alguns árbitros que estão trabalhando nas competições das Olimpíadas Escolares foram arbitrados por ele, enquanto judocas competidores.

Depois de todos esse anos, Pereira tem bastante história pra contar. Fala até em lançar um livro sobre a sua vida e sobre a história do judô no Rio de Janeiro, mas, só “quando deixar a preguiça de lado”. Enquanto isso, ele edita, anualmente, os Regulamentos de Competição da CBJ, desde 1984. Mesmo com toda essa bagagem, o árbitro diz que é impossível conhecer o judô completamente.

Além dos tatames, o alagoano já teve um programa chamado “Seu corpo, sua vida”, que ficou por oito meses no ar, em 1968/69 na extinta TV TUPI. No programa, ele dava dicas de bem-estar, entrevistando professores de ginástica, karatê, entre outros. Hoje, ele ainda participa de diversos programas de TV, como comentarista.

Simpático, conversador, piadista e atencioso, esse árbitro que também é marido, pai, avô, professor e, segundo ele, “pra sempre faixa preta”, garantiu que ainda tem, pelo menos, mais um ano de arbitragem. Ele pretende encerrar sua carreira durante as Olimpíadas Escolares de 2010, para atletas de 15 a 17 anos, que serão disputadas em Fortaleza, capital cearense. “Fisicamente estou ótimo, mas está na hora de parar”.

Outro árbitro internacional que transmite seus conhecimentos às jovens promessas do esporte nacional é Aloísio Short, de 57 anos. Árbitro desde 1977, ele é o mais experiente em Olimpíadas Escolares.

“Já são quatro décadas trabalhando com a garotada. Em todos esses anos vi atletas como Aurélio Miguel, Rogério Sampaio e Tiago Camilo disputando a competição. Praticamente todos os expoentes do judô nacional disputaram as Olimpíadas Escolares”, disse, lembrando que há dois anos, a estrela da competição era a piauiense Sarah Menezes, agora com 19 anos, campeã mundial júnior em 2008 e tricampeã das Olimpíadas Escolares.

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