Federação de Judô de Mato Grosso do Sul

FIM DO PROJETO FUTURO DE SP – AURÉLIO MIGUEL CONTESTA

Aurélio Miguel questiona Secretaria de Esportes do Estado sobre possível fim do Projeto Futuro
13/08/2009

A notícia caiu como uma bomba no meio do judô paulista e brasileiro. Na última terça-feira (11.08), o site UOL divulgou matéria sobre o impasse criado em torno do Centro de Excelência (ex-Projeto Futuro) e que poderia resultar no fim de uma das mais vitoriosas e bem-sucedidas iniciativas públicas de fomento ao esporte de alto rendimento no país e que já revelou atletas do quilate dos judocas Tiago Camilo, Mario Sabino, Branco Zanol e Denilson Lourenço e dos saltadores Mauuren Maggi e Jadel Gregório.

Segundo a matéria, o Centro de Excelência (ex-Projeto Futuro), criado em 1984 por iniciativa da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo, estaria prestes a encerrar suas atividades por falta da assinatura de convênios entre o órgão estadual e as federações esportivas que mantém modalidades no local, dentre elas o judô.

Informado da situação, o campeão olímpico e vereador Aurélio Miguel entrou em contato com o coordenador de Esportes do Estado, Nelson Gil, e externou sua preocupação quanto ao possível fim do programa. “O Centro de Excelência (ex-Projeto Futuro) já faz parte da história do esporte paulista e brasileiro. Desde 1986, todos os judocas brasileiros que alcançaram o pódio em Jogos Pan-americanos, Campeonatos Mundiais e Olimpíadas passaram por estes tatames. Minhas participações e conquistas olímpicas sempre foram precedidas por intensas sessões de treinamentos no Projeto ”, disse Aurélio. Para ele, o término de uma iniciativa tão bem-sucedida como este seria um enorme retrocesso para um país que pensa em sediar uma Olimpíada. “É incoerente pleitear a realização de uma competição olímpica se não conseguimos preservar nem ao menos aquelas idéias que efetivamente se mostraram vitoriosas”, completou. Aurélio ainda lembrou que atualmente potências do esporte como Japão, França, Alemanha e Rússia vêem ao Brasil para treinar nos tatames do Projeto Futuro.

Veja o pedido de informações encaminhado por Aurélio Miguel à Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo

Histórico

Criado em 1984 por iniciativa do então governador de São Paulo, Franco Montoro, o Projeto Futuro teve o atletismo como sua primeira modalidade. O judô foi incorporado apenas em 1986, tendo na formação de sua primeira comissão técnica Walter Carmona, Luis Shinohara, Floriano de Almeida, Marcelo Mozilli e Mario Endo.

O principal compromisso do Projeto Futuro consistia em realizar eliminatórias no interior do estado, escolher os melhores judocas da categoria juvenil e trazê-los para a capital dando-lhes condições de desenvolvimento técnico, físico e psicológico além de moradia, alimentação, assistência médica e educação, sem, contudo, interromper o vínculo do atleta com seu clube de origem..

No primeiro ano do Projeto Futuro, os judocas, alojados sob a arquibancada do ginásio Geraldo Jose de Almeida, no Ibirapuera, treinavam em dois períodos, com parte física pela manhã e técnica à noite. No ano seguinte, em 87, a Secretaria de Esportes, com o patrocínio da Brahma, ergueu um prédio de 3 andares para abrigar conjuntamente os atletas do judô e atletismo. O novo local era equipado com quartos para duas pessoas, banheiros coletivos, refeitório, sala de jogos, sala de estudos, fisioterapia e administração.

A primeira turma de judocas do Projeto Futuro contava com 35 atletas das mais variadas cidades como Bauru, Santos, Botucatu, Limeira, Campinas, Olímpia, Jundiaí, São Jose dos Campos, Lucélia, Rio Claro, Sorocaba, Votuporanga, Fernandópolis, Lorena, Osasco entre outras.

No final de 1986, o Projeto Futuro já se tornara referência no estado. No final de 1987, os primeiros grandes resultados. Na seletiva nacional para a escolha da equipe Junior que representaria o pais no Campeonato Mundial Estudantil, no Japão, e que aconteceria no ano seguinte, o Projeto Futuro emplacou 5 atletas nas sete categorias em disputa.

Em 1988, ano das Olimpíadas de Seul, a seleção brasileira encarou várias etapas de sua preparação nos tatames do Projeto Futuro. Medalha de ouro naquela competição, Aurélio Miguel nunca escondeu a admiração pelo volume de treinamento oferecido pelos judocas residentes, tanto que no ano seguinte entregou seu judogui para o meio-pesado Paulo Roberto Saldanha, por considerá-lo seu sucessor natural.

Em 1989, o Projeto Futuro passou por mudanças significativas. Walter Carmona e Luis Shinohara já não eram mais os técnicos. Floriano Almeida e Marcelo Mozzili assumiram total e absoluta responsabilidade. Naquele ano, explodiu o conflito entre atletas do selecionado nacional e a CBJ, presidida por Joaquim Mamede. O Projeto Futuro se transformou numa espécie de foco de resistência.

Em determinado momento da briga, um abaixo-assinado circulou nos bastidores do Projeto Futuro. Diversos atletas, mesmo ainda em processo formação, não se furtaram em assinar o documento em apoio a seus ídolos. Alias, posicionamento nunca foi problema naqueles anos.

Em 92, após 6 anos de seu inicio, o judô do Projeto Futuro se tornara um Centro de Formação consolidado. Nas Olimpíadas de Barcelona, viu alguns de seus atletas figurarem na equipe B olímpica. A partir de 93, o Projeto ingressou definitivamente na seleção brasileira principal ao incluir pela primeira vez em sua história dois de seus atletas (Carlos Bortole e Branco Zanol) na equipe que participaria do Campeonato Mundial sênior, no Canadá.

Nos anos seguintes as boas noticias se sucederam, tanto que nas Olimpíadas de Atlanta lá estavam Alexandre Garcia e Branco Zanol, ambos do Projeto Futuro. Em 1997, Fulvio Miyata foi bronze no Mundial sênior realizado em Paris, numa campanha quase impecável. No segundo semestre de 98, o Brasil conquistou o inédito titulo de vice-campeão mundial por equipes com Fulvio e Branco na equipe. Em 2000, a consagração definitiva. Tiago Camilo, que a exemplo de Fabiane Hukuda e Leonardo Eduardo, já havia sido campeão mundial Junior, ficou com a medalha de prata nas Olimpíadas de Sydney. No inicio do século 21 o Projeto Futuro ainda viu Francisco Camilo e Mario Sabino, algumas de suas ‘ crias’, serem campeões dos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo. Sabino ainda foi bronze no Mundial daquele ano além de disputar as Olimpíadas de Atenas ao lado do peso ligeiro e também ex-integrante do Projeto, Alexandre Lee. Em 2008, Tiago Camilo e Denilson Lourenço foram os representantes do programa Futuro nas Olimpíadas de Pequim.

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