Federação de Judô de Mato Grosso do Sul

SELEÇAO BRASILEIRA DEFINIDA EM RECIFE-PE

Nova seleção brasileira definida em Recife
Carlos Honorato, Luciano Correa e Priscila Marques perdem e ficam fora. Canto, Camilo e Guilheiro confirmam vaga. Daniel Hernandes e Mario Sabino voltam à equipe masculina. Edinanci retorna ao time feminino com direito a passos de xaxado

Pela primeira vez desde os Jogos Olímpicos de Sydney 2000, Carlos Honorato não é o titular do peso médio do Brasil. Honorato perdeu por ippon para Hugo Pessanha, de 19 anos, e ficou sem uma das duas vagas em jogo. O outro classificado na categoria é o experiente Alexsander Guedes, que substituiu Honorato no Campeonato Mundial do Egito em 2005. No meio-pesado, outra surpresa. Luciano Correa, medalhista de bronze no Cairo perdeu para Alex Aguiar e não fará parte da seleção. Mario Sabino, bronze no Mundial de Osaka 2003, retorna à equipe, assim como Daniel Hernandes entre os pesados. No feminino, Aline Puglia, bronze no Mundial Junior de 2004, superou Priscila Marques na final.

Nas demais categorias, alguns dos favoritos confirmaram seus nomes. Alexandre Lee e Denílson Lourenço no ligeiro; João Derly (pré-classificado) e Leandro Cunha no meio-leve; Leandro Guilheiro e Moacir Mendes Jr no leve; Tiago Camilo e Flavio Canto no meio-médio e Daniel Hernandes e João Gabriel Schilliter no pesado. No feminino, a seleção titular será formada por Daniela Polzin (ligeiro), Erica Miranda (meio-leve), Danielle Zangrando (leve), Vânia Ishii (meio-médio), Kelly Silva (médio) e Edinanci Silva (meio-pesado).

“Perdi muitas vezes para o Honorato até chegar o dia de vencer. Eu treinava, treinava e nada dava certo. Felizmente hoje deu”, comemorou Hugo Pessanha, que representou o Brasil no Campeonato Mundial Junior de 2004, quando ficou em nono lugar. “Conquistar a vaga na seleção mostrou para mim mesmo que posso chegar lá”, completou.

“Todas as categorias são muito equilibradas, não apenas a minha. Fiz tudo certo para esta seletiva, mas o resultado não foi o esperado. Nem por isso vou deixar de treinar com a seleção sempre que puder. Levantei a cabeça depois de ficar fora do Mundial e não vai ser uma derrota no tatame que vai me fazer abaixar a cabeça. Vou ajudar no que precisar o Guedes e o Pessanha. Hoje eles mereceram vencer”, disse Honorato. “Mas que ninguém pense que o Honorato parou com essa derrota. Vou seguir firme para os meus objetivos, que são o Pan e o Mundial em 2007, e as Olimpíadas de Pequim em 2008”, acrescentou.

Hugo Pessanha, companheiro de Flavio Canto na equipe da Gama Filho, conta que fez treinamento especial para neutralizar os golpes de seus dois maiores adversários, Guedes e Honorato.

“Perdi muitas vezes do Honorato por ele agarrar minha perna. Sou alto e isso sempre me atrapalhou. Já para o Guedes, sabia que por ele ser mais velho poderia cansar mais rápido”, explicou o jovem judoca, que chorou muito depois da conquista. Hugo rejeita o rótulo de revelação. “Estou no bolo, não sei se sou promessa”.

No meio-pesado e no pesado, o retorno de dois titulares da seleção em 2003 e 2004: Mario Sabino e Daniel Hernandes.

“Em 2005, cheguei a pensar em parar de lutar, mas a convocação da CBJ para o treinamento na Franca me incentivou a não deixar o judô”, comentou Sabino.

“As seletivas são sempre complicadas. Uma prova disso foi o que aconteceu comigo no ano passado, quando fiquei de fora da equipe. Depois disso, coloquei a cabeça no lugar, treinei muito e agora estou de volta. Confio no meu judô e sei que posso render bastante ainda na seleção”, disse Hernandes.

Luciano Correa, por sua vez, já faz planos para o futuro após a derrota para Alex Aguiar.

“Agora não tem mais o que fazer. É pensar no Pan 2007 e treinar muito. Na luta contra o Alex, estávamos disputando a pegada e ele foi mais rápido. Sabia que não seria fácil”, afirmou Luciano, bronze no Mundial de 2005.

“Aproveitei a chance que tive e apliquei o ippon. Não esperava que fosse tão rápido assim, já que nunca tinha vencido o Luciano. Tenho muito respeito por ele, mas treinei sério e consegui a vaga”, comemorou Alex.

No feminino, destaque para a volta de Edinanci Silva à seleção. Empurrada pela torcida paraibana, a atleta de Campina Grande brindou o publico com belos ippons e comemorou a vaga com passos de xaxado.

“Vencer em Recife foi especial. Sou bem daqui do lado, da Paraíba. Por isso foi um prazer enorme lutar aqui pela primeira vez. Realizar esse tipo de competição no Nordeste é muito bom para difundir o judô. Estamos buscando nosso espaço no pais do futebol, igual o que um dia aconteceu com o basquete, com o vôlei. A nova administração da Confederação Brasileira de Judô teve um trabalho enorme para se reerguer. E conseguiu. Nossos resultados são espelho disso”, afirmou Edinanci, que pediu dispensa da seleção em 2005. ” Me cuidei durante esse ano, tratando das lesões que me atormentaram. O primeiro objetivo foi cumprido. Agora quero me classificar para o Pan e o Mundial de 2007. E depois para os Jogos Olímpicos de 2008″, disse a judoca de 29 anos.

Aline Puglia, bronze no Mundial Junior de 2004, derrotou Priscila Marques na final do peso pesado.

“Vai ser minha primeira experiência como titular da seleção brasileira e acredito que será o inicio de uma nova fase para mim. Uma fase de amadurecimento e desenvolvimento do meu judô. O primeiro passo para meu objetivo maior que são os jogos de 2008”, vibrou Puglia, que pela terceira vez na carreira derrotou Priscila Marques (a primeira havia sido nos Jogos Abertos do Interior de São Paulo)>

Os atletas da equipe masculina participarão de etapas da Copa do Mundo. Cada um dos classificados disputará de duas etapas da competição: Super Copa do Mundo de Paris e Copa do Mundo de Leonding / Super Copa do Mundo de Hamburgo e Copa do Mundo de Praga, todas com os respectivos treinamentos de campo. A partir do desempenho nessas competições e treinos, será apontado o representante do Brasil no Campeonato Pan-Americano Sênior, em maio, na Argentina, e no Campeonato Mundial por Equipes, em setembro, em Paris.

No feminino, com uma preparação mais direcionada para as adversárias pan-americanas, o calendário prevê treinamentos de campo nacionais e internacionais (Equador e Cuba, por exemplo), bem como competições em Cuba. A equipe participa ainda do Campeonato Pan-Ameircano.

Depoimentos dos demais atletas classificados.

FEMININO:

-48kg:

Daniela Polzin:

Venci as quatro lutas por ippon e por isso ninguém espera, ainda mais numa seletiva, onde tudo por acontecer. Ainda acho que não estou no melhor da minha forma física, mas começar a temporada garantido a vaga na seleção dá tranqüilidade.

-52kg:

Erica Miranda:

Entrei determinada a vencer de qualquer jeito na final. Já tinha perdido para a Aline na fase classificatória e não queria perder de novo. Recife me dá muita sorte. Fui campeã no Jogos Universitários Brasileiros e agora conquisto a vaga para a seleção. Estou muito feliz.

-57kg:

Danielle Zangrando:

A categoria leve e a mais difícil do judô feminino no Brasil. Por isso nada do que tive na minha vida foi fácil e dou muito valor a cada vitória. Estudei bastante minhas adversárias porque todas eram canhotas. Fiz um trabalho técnico forte. Estava com saudade da seleção brasileira. Somos como uma família.

A nova proposta de trabalho para o judô feminino é perfeita. Vamos fazer treino com as cubanas e trabalho de altitude. Pegar no quimono das cubanas vai ser muito importante. Temos que acabar essa mística de que elas são invencíveis.

Mariana Barros (atleta de Pernambuco):

Fiz tudo o que pude, mas infelizmente a experiência da Danielle pesou. Queria agradecer à torcida que foi fundamental para conseguir a vaga na final. Agora é levantar a cabeça e seguir trabalhando sério.

-63kg:

Vânia Ishii:

Foi uma vitória especial. Fiz uma cirurgia no cotovelo depois do Mundial, em setembro de 2005, e lutei muito para me recuperar. Esse ano de 2006 vai ser decisivo. Já é um passo para o Pan 2007.

-70kg:

Kelly Silva:

Voltei a competir depois de um ano parada depois de uma cirurgia no menisco. Esse é o primeiro passo para meu objetivo maior, que é uma medalha no Pan de 2007. Cumpri minha meta, e espero ficar pelo menos mais dez anos na seleção.

MASCULINO:

-60kg:

Alexandre Lee:

Não pude me preparar muito bem para a seletiva, e voltei a lutar há um mês apenas. Dei toda minha raça e vontade para voltar à seleção brasileira.

Denílson Lourenço:

O objetivo principal foi conquistado. Ir para a Europa será uma grande oportunidade de treinamento e crescimento técnico. Em 2005, representei o Pinheiros no Torneio de Paris e fiquei em quinto. Espero ir bem novamente este ano.

-66kg:

Leandro Cunha:

Entrei devagar na primeira luta, mas ainda assim acreditava que a vaga poderia ser minha. Estou desde 2002 chegando na seleção e uma hora vai ser minha vez de verdade. Falta detalhe. O meio-leve e uma categoria onde o Brasil esta muito bem servido. Depois do Mundial ainda não lutei com o Derly. Acredito que ele esteja bem confiante e bem respeitado lá fora.

-73kg:

Leandro Guilheiro:

Lutei mal, mas o resultado é o que importa. E apesar de estar sem massa muscular e resistência, venci. Estou pesando 71kg, bem abaixo da categoria. Desde o Mundial que não treinei direito, por conta de uma contusão no ombro direito, que é o meu principal. A vontade é a receita para eu vencer. Entrei na seleção em 2004 e não quero nunca mais sair, daí tanta raça para superar a dor.

Moacir Mendes Jr:

Estou muito feliz de voltar à seleção brasileira. Estava longe desde 2002 e sempre batia na trave. Finalmente chegou a minha hora. Veio em um momento ideal, pois estou muito bem fisicamente. Hoje foi o meu dia. Estava inspiradíssimo.

-81kg:

Tiago Camilo:

Os melhores do Brasil estão aqui. Vim pronto para enfrentar qualquer adversário. Essas vitórias são especiais, pois machuquei o punho em treinamento na semana passada e senti bastante. Fiz minha parte e felizmente deu tudo certo. Agora temos que esperar para saber o que vai acontecer na Europa. Mas gostaria uma melhor de três para decidir o titular.

Flavio Canto:

Uma pena que não pode ir todo mundo. O meio-médio é uma categoria muito disputada. Essa novidade de dois atletas fazerem parte da seleção vai elevar o nível do judô brasileiro. Termos dois atletas participar desse intercambio internacional foi uma ótima idéia.

-90kg:

Alexsander Guedes:

O mais importante foi conquistar a vaga para a Seletiva do Pan 2007. Esse ano de 2006 é importante principalmente para a preparação para essa Seletiva. Passei o natal e o ano-novo treinando para competir em Recife.

+100kg:

João Gabriel Schilliter:

É uma tranqüilidade fazer parte da seleção e saber que vou treinar com os melhores do mundo por um ano. Sei que isso vai ajudar e muito a desenvolver o meu judô, já que quero muito representar o Brasil no Pan 2007.

Todos os classificados:

MASCULINO

-60kg: Alexandre Lee e Denílson Lourenço

-66kg: João Derly e Leandro Cunha

-73kg: Leandro Guilheiro e Moacir Mendes Jr

-81kg: Tiago Camilo e Flavio Canto

-90kg: Hugo Pessanha e Alexsander Guedes

-100kg: Mario Sabino e Alex Aguiar

+100kg: Daniel Hernandes e João Gabriel Schilliter

FEMININO

-48kg: Daniela Polzin (reserva: Sara Menezes)

-52kg: Erica Miranda (reserva: Aline Coutinho)

-57kg: Danielle Zangrando (reserva: Mariana Barros)

-63kg: Vânia Ishii (reserva: Maiti Ferreira)

-70kg: Kelly Silva (reserva: Márcia Lima)

-78kg: Edinanci Silva (reserva: Claudirene Cezar)

+78kg: Aline Puglia (reserva: Priscila Marques)

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