Equipe masculina vence todos os confrontos por ippon contra a Venezuela e conquista os 2500 torcedores no ginásio do Tijuca. Mulheres são campeãs com um 6 a 0 sobre a Argentina
O Brasil “passeou” no tatame do Tijuca Tênis Clube. Mostrando toda a superioridade de uma equipe de grande tradição nas Américas, o renovado time brasileiro foi campeão da Copa Pan-Americana no masculino e no feminino. Os homens fizeram 7 a 0 sobre a Venezuela, vencendo seis confrontos por ippon (Leandro Guilheiro, no leve, não precisou lutar pois seu adversário luxou o cotovelo na semifinal). Entre as mulheres, 6 a 0 para o Brasil sobre a Argentina (empate de Deborah Almeida no meio-pesado), diante de um público de 2500 pessoas no ginásio. As medalhas de ouro valem R$ 1 mil para cada judoca, premiação oferecida pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) pela conquista do título do evento preparatório para o Pan 2007. Em terceiro ficaram Argentina (masculino) e Equador (feminino).
“A sensação de vencer uma competição em casa, com o apoio da torcida, é indescritível”, resume Tiago Camilo, prata em Sydney 2000.
Seu companheiro de pódio na Austrália, o médio Carlos Honorato, brindou o público com uma de suas especialidades: a técnica kata-guruma, com a qual derrubou o venezuelano Jose Camacho.
“Se a gente tivesse sempre essa torcida maravilhosa do lado, com certeza o judô brasileiro teria muito mais medalhas. É sensacional lutar com a torcida pedindo ippon!”, vibra Honorato.
“Se a torcida soubesse como é importante essa energia para nós…”, concorda a experiente Vânia Ishii que, em setembro no Egito, disputa seu sexto Campeonato Mundial como titular do Brasil.
Crianças de academias de judô e da ONG Instituto Reação, de Flávio Canto, deram um show à parte na arquibancada. Gritaram o nome de todos os integrantes da seleção e puxaram o coro à capela de 2500 vozes durante o Hino Nacional na premiação masculina. Medalha de ouro para atletas, torcida, e também para a organização.
“A CBJ teve uma evolução muito grande e é um dos esportes que mais dá tranqüilidade ao COB na organização de eventos”, elogia o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, que assistiu às finais ao lado do Ministro Agnelo Queiroz e do presidente da CBJ, Paulo Wanderley Teixeira.
Os 11 ippons em 14 lutas neste domingo entusiasmaram também os judocas. O Brasil conquistou ainda uma vitória por wazari (Daniela Polzin), um empate (Deborah Almeida) e uma por desistência do adversário (Leandro Guilheiro).
“Ficar sem lutar nesta festa por contusão do adversário é chato, mas faz parte”, conforma-se Leandro Guilheiro, bronze em Atenas 2004 e um dos mais solicitados para fotos e autógrafos.
Tânia Ferreira faz questão de frisar que a vitória não foi assim tão fácil.
“Não foi tão fácil como parece. Os outros países foram bem competitivos”, garante a peso leve.
Para alguns, como Denílson Lourneço, João Derly e Márcia Vieira, que haviam “tropeçado” nos adversários que reencontrariam na final nas lutas de sábado, as vitórias serviram como revanche.
“Sabia que podia vencer. E os conselhos das meninas foram muito importantes para eu não perder a concentração com toda esta festa da torcida”, lembra a caloura Márcia Vieira, em seu quarto campeonato como titular do peso médio do Brasil.
“Na preliminar eu não lutei bem, mas me concentrei para a decisão e tive a alegria de sair vitorioso. Não podia deixar essa chance escapar”, diz o ligeiro Denílson Lourenço, de volta à seleção depois de cinco anos.
“Entrei mais solto na final e acho que fiz uma ótima luta. O Ludwing Ortiz é um adversário forte e experiente e considero essa vitória como muito importante na minha carreira”, afirma o gaúcho João Derly, retornando em grande estilo ao time brasileiro depois de subir do ligeiro para o meio-leve.
Luciano Correa era outro que não conseguia conter a alegria. Pela primeira vez na carreira, o judoca brasiliense venceu todas as suas lutas por ippon.
“A temporada na Europa foi fundamental para o sucesso aqui na Copa Pan-Americana. Não foi por acaso que vencemos de 7 a 0. Estávamos muito preparados”, garante Luciano, referindo-se aos 15 dias em treinamento e competição na Espanha, Turquia e França.
O peso pesado Daniel Hernandes também saiu vitorioso do tatame sempre com o golpe perfeito.
“Consegui desenvolver bem o meu judô e isso acabou resultando nessas cinco vitórias por ippon. Agora meu objetivo é seguir treinando para no fim do ano disputar a seletiva e poder voltar à seleção”, diz Hernandes, que substitui o titular Walter Santos, contundido, nesta Copa Pan-Americana.
Para boa parte da equipe feminina, o segredo do sucesso foi o conjunto. Uma por uma, as atletas deixavam a área de combate e, emocionadas, beijavam e abraçavam a técnica Rosicléia Campos.
“A uião faz a força”, define Fabiane Hukuda, autora de um ippon quase instantâneo, em apenas 18 segundos.
“Nossa união fez a diferença mesmo. Fico feliz em participar desta festa”, confirma Priscilla.
Daniela Polzin e Deborah Almeida falaram na tática.
“A adversária era baixa e dificultava para eu aplicar golpes. Usei a tática de esperar as punições”, explica Polzin
“A agentina tem um estilo difícil, agachado. Mas consegui aplicar o golpe na hora certa.
“Fui com cautela para não perder. Mas está na seleção já é ser vitoriosa”, diz Deborah Almeida, que substituiu Edinanci Silva no meio-pesado.
Primeira fase:
Masculino:
Brasil 7 x 0 EUA
Brasil 5 x 1 Argentina (empate João Derly/Meio-leve e derrota Denílson Lourenço/Ligeiro)
Brasil 5 x 2 Venezuela (derrotas João Derly/Meio-leve e derrota Denílson Lourenço/Ligeiro)
Venezuela 3 x 4 Argentina
Venezuela 6 x 1 Estados Unidos
Argentina 3 x 3 Estados Unidos (desempate na categoria até 73kg, com vitória dos EUA)
Semifinal:
Brasil 7 x 0 EUA
Venezuela 4 x 3 Argentina
Finais:
Decisão de terceiro:
Argentina x EUA
Final:
Brasil 7 x 0 Venezuela
Feminino:
Brasil 5 x 2 Argentina (derrota de Deborah Almeida/Meio-pesado e Márcia Vieira/médio)
República Dominicana 3 x 3 Equador (desempate, vitória DOM com três ippons)
Brasil 5 (empate Tânia Ferreira/leve e derrota Daniela Polzin/ligeiro) x 1 Equador
Brasil 7 x 0 República Dominicana
Argentina 4 x 2 República Dominicana
Argentina 4 x 3 Equador
Semifinal:
Brasil 7 x 0 Equador
Argentina 6 x 1 República Dominicana
Finais:
Decisão de terceiro:
Equador 4 x 3 República Dominicana
Final:
Brasil 6 (empate Deborah Almeida/Meio-pesado) x 0 Argentina