Judô repete Olimpíadas e garante a primeira medalha para o Brasil
Michele Ferreira conquista bronze na categoria até 52kg em Londres. Machucada, francesa não conseguiu entrar no tatame para a disputa
Assim como nos Jogos Olímpicos, com Felipe Kitadai e, depois, Sarah Menezes, a primeira medalha do Brasil nas Paralimpíadas de Londres chegou pelo judô. Michele Ferreira conquistou o bronze no tatame da Arena Excel, na categoria -52kg. A brasileira passou por altos e baixos na competição, mas contou com a sorte na última luta. A francesa Sandrine Martinet, machucada, não conseguiu voltar à competição para a disputa do bronze.
Michele não começou bem sua campanha em Londres. Logo na primeira luta perdeu por yuko para a russa Alesia Stepaniuk. Na repescagem, conseguiu lançar Kilic Gulhan, da Turquia, ao chão por duas vezes e ganhou com dois wazaris de vantagem.
O bronze chegou após a desistência de Sandrine Martinet, que havia se machucado na semifinal, contra a ucraniana Nataliya Nikolaychyk. Ela lesionou a perna esquerda e passou todo o combate chorando. Deixou a arena logo depois.
Conquista ‘estranha’ consolida retorno após gravidez
Apesar de a adversária já nem estar mais no Excel, Michele não foi avisada de que já tinha garantido a medalha por antecipação. Ainda na adrenalina pela vitória na repescagem, a sul-mato-grossense controlou o nervosismo, fez todo aquecimento e, já no tatame, foi pega de surpresa.
– Foi uma coisa muito estranha. Nunca passei por isso. Ainda estou meio assim: “O que houve?”. Fiz uma luta (a primeira) muito difícil, de cinco minutos, e perdi. Aí, no final eu ganho a medalha sem nem lutar. Ninguém me avisou nada. Fui até pertinho de entrar no tatame sem saber. Corri, me preparei, aqueci, disse para meu técnico que estava nervosa. Fiquei o tempo todo pensando que ia lutar.
O bronze que “caiu no colo” coroou um ciclo olímpico curto e marcado pela superação, mas não por conta da deficiência visual. Também terceiro lugar nos Jogos de Pequim-2008, a judoca ficou dois anos longe dos tatames para dar a luz a filha Emily, hoje com três anos.
Com a carreira restabelecida, Michele voltou a competir internacionalmente somente no ano passado e o quinto lugar no Mundial da Turquia por pouco não a deixou fora dos Jogos de Londres. A vaga foi conquistada somente com o ouro no Parapan de Guadalajara-2011.
– Voltar foi a etapa mais difícil, mais até do que começar. Quando começamos, estamos aprendendo. Depois, é mais complicado recuperar o que perdeu, voltar a parte física. Na gravidez eu engordei uns 18 quilos. Recebi muito apoio do meu técnico neste período. Ele confiou em mim. Dedico a medalha a ele e a minha filha.