Vida de João Derly vira livro
A Vitória vem dos Céus foi escrito por Rodrigo Koch e Antônio Carlos Pereira
A impressionante carreira, com seus obstáculos e grandes triunfos, do primeiro – e até agora único – campeão mundial de judô brasileiro e uma das principais promessas de medalha no Pan do Rio virou livro. Em 88 páginas, os fatos mais relevantes da historia de João Derly, desde a sua infância até a sua volta do Egito com a medalha de ouro, em setembro de 2005, foram esmiuçados com maestria pelos autores Rodrigo Koch (jornalista) e Antônio Carlos Pereira (técnico de João na Sogipa).
A biografia “A Vitória vem dos Céus”, que tem apoio da Vis Sports Consulting e da Oi, será lançada pela Editora Doravante na próxima quinta-feira (dia 5 de julho), na Livraria Saraiva (Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre). A obra, além de contar os principais episódios da vida do atleta gaúcho, fala das técnicas utilizadas pelo campeão mundial, bem como a fé que o acompanhou e o ajudou nos momentos difíceis.
Rodrigo Koch é coordenador de esportes da Rádio Guaíba, pela qual realizou as coberturas dos Jogos Olímpicos de Sydney/2000 e Atenas/2004. Antônio Carlos Pereira, o Kiko, trabalha com judô há mais de vinte anos e, desde 1986, é técnico da equipe Oi/Sogipa. Formou vários atletas importantes do cenário esportivo brasileiro, entre eles alguns olímpicos, e tem em seu currículo vários títulos internacionais.
Serviço 1:
O quê ? : Lançamento do livro “A VITÓRIA VEM DOS CÉUS”
Quando : 05 de julho, quinta-feira
Onde : Livraria SARAIVA – Shopping Praia de Belas – Porto Alegre / RS
Serviço 2:
O quê ? : Lançamento do livro “A VITÓRIA VEM DOS CÉUS”
Quando : 10 de julho, terça-feira
Onde : Livraria SARAIVA – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro / RJ
*“…
Caiu a ficha. João estava em uma final de mundial diante do campeão olímpico dos Jogos de Atenas – 2004. O técnico da equipe brasileira Luiz Jun Shinohara, passou as últimas orientações para Derly: “Não deixa ele segurar no seu quimono. Ele não pode te achar”. Determinado, João pensou consigo: “Ele não vai me ganhar, vou ser campeão mundial”. Era uma convicção muito forte. Chegou a hora da verdade. Final ! Os dois foram chamados para o brete, para os momentos que antecedem a entrada no tatame. Lado a lado com o adversário da decisão, Derly entrou em outro mundo, em um estado supremo de concentração. A entrada no ginásio com apresentação ao público seria de arrepiar qualquer um. A torcida japonesa estava ovacionando Uchishiba com seus tradicionais ‘bate-bate’ e, gritante “ganbare”, o tradicional grito japonês, que significa “avante”. João estava inabalável. Pensou em dar uma olhada, mas em fração de milésimos de segundo manteve sua concentração e até gostou de tudo aquilo. Acostumado a desafios, aquele seria o maior de todos o que já tinha enfrentado. “Quanto mais fervia, melhor”. Os brasileiros também faziam sua torcida, mas diante do público japonês, fanático pelo judô, eram apenas um “pequena ilha” na imensidão de um mar de bandeiras vermelhas e brancas. Apresentação oficial e cumprimentos entre os atletas. Começa a luta! Nos primeiros segundos o corpo de João Derly, sem que ele perceba vai lá embaixo. Ele pega o japonês e quase consegue aplicar um golpe perfeito. A massa se agita nas arquibancadas. Com dez segundos de luta, João já estava na frente. Troca de pegadas. João encaixa um golpe, e Masato escapa de uma forma esplêndida. “Foi a coisa mais linda que já vi”. O ginásio veio abaixo, foi uma loucura! Derly entrou de uma forma acelerada, alucinante e, a escapada foi digna de uma final de mundial de judô. Quando João levantou, Masato estava no chão, com a mão sobre os olhos e, repetiu um gesto por duas vezes. Naquele momento, o japonês estava perdendo a luta. Seu João e dona Vera já começavam a comemorar em Porto Alegre, porque sabiam que depois daquele momento o filho não perderia mais a sonhada medalha de ouro. “Todos diziam que o japonês era muito bom, mas o Júnior entrou ‘patrolando’ e não deu chance alguma”, lembra dona Vera. Nunca saberemos o que se passou na cabeça de Uchishiba, mas ele deve ter pensado o que estava acontecendo com aquele brasileiro que há poucas semanas havia treinado com ele e não mostrava todo este ímpeto. Foram poucos segundos para uma reflexão mais abrangente. João percebeu o nervosismo do oponente e, ganhou mais força e coragem para a seqüência do combate. Nova troca de pegadas. Masato tentou dar um golpe de longe e errou e, nisso João encaixa um golpe e, joga-o de ippon. Explosão! Adrenalina! É hora de extravasar! “Sou campeão mundial”. Começa a passar um filme dentro da cabeça do novo campeão. “Família, trajetória, obstáculos, sofrimento, treinos, o que te falaram, o que te deixaram de falar, injustiças, justiças, que foi feito, o que ainda não foi feito, o que foi deixado para trás… frações de segundos de cada momento pela qual passou”. Cumprimentos finais e o retorno para os vestiários em transe. Não era a primeira grande vitória na carreira internacional de João, mas era uma sensação diferente, era o Mundial.
…”
*Trecho da obra “A Vitória vem dos Céus”, de Rodrigo Koch e Antônio Carlos Pereira