Federação de Judô de Mato Grosso do Sul

Nossa História

No dia 11 de outubro de 1977 o então presidente general Ernesto Geisel assinou a Lei Complementar nº 31 dividindo Mato Grosso e criando o Mato Grosso do Sul. A data virou marco de independência dos sulistas em relação à capital Cuiabá. Enquanto alguns ainda condenam as forças separatistas, outros argumentam que a divisão serviu para impulsionar o desenvolvimento de ambos os Estados. Contudo, o judô existia na região Sul, antes mesmo de se tornar um Estado.

Hideki Yoshida foi o primeiro professor de judô a chegar a Campo Grande, em 1946. Profundo conhecedor da sua cultura, deu aulas de judô, jiu-jitsu, canto, língua e dança japonesa na União Atlética Campo-Grandense.

Os primeiros praticantes foram Kiyonori Shimabukuro, Seitoku Ishikawa, Kosin Tibana, Yoshinori Oshiro, Shinco Sotoma, Massao Nakasato, Maurício Tibana, família Tokubaru (Toshiharu, Yoshinari e Shoiti Kito) num dojô que media 10m x 8m. Apesar de não ser formado – naquela época era muito difícil encontrar alguém com conhecimentos de arte japonesa –, o sensei Yoshida deixou sua marca.

A evolução da modalidade passou por altos e baixos, idas e vindas de professores (como Massao Nakasato, Kocho Yamashiro e Sussui Nakamura), até que em 1956 Maurício Tibana, com 23 anos, foi convidado para reorganizar o judô local e enviado a Araçatuba (SP) para treinar com sensei Massao Mori, delegado regional da FPJudô na 5ª DRJ Noroeste e ligado à Associação de Faixas Pretas do Brasil. Além da permissão, sensei Mori forneceu assistência técnica para Maurício Tibana retomar o judô em Campo Grande de 1956 a 1969. Com ele outros senseis se dedicaram ao ensino.

Em 1957, com a vinda do professor Yoshio Kihara, kodansha shichi-dan (7º dan), para o Brasil, Massao Mori foi o articulador das ações administrativas e técnicas entre Campo Grande e São Paulo. Outro fato importante foi a contratação do professor Shigueaki Noguchi, que estava em Glória de Dourados e participou como primeiro técnico de Campo Grande no 1º Campeonato Noroestino de Judô na cidade de Guararapes (SP) com os seguintes atletas: Noguchi, Mauricio Tibana, Toshiyuki Fukutsi, Shinco Sotoma e Yoshinori Oshiro.

Professores da década de 1960 Italívio Bonfim, Nélson Arazawa, João Shimabukuro, Durval Rente, Paulo da Silva e Ibrahim Zaher

Em 1958 foram graduados os primeiros faixas pretas do Estado de Mato Grosso: Maurício Tibana, Yoshinori Oshiro, Toshiyuki Fukutsi. Mesmo tendo outras profissões e não sobrevivendo do judô, eles se empenharam para desenvolver o esporte na região, conquistando grandes companheiros nesse mesmo objetivo, como João Kiokatsu Shimabukuro, Durval Medeiros, Noboru Kato, Yasuzi Kato, Carlos Hada, Italívio Bonfim, Daniel Reis, e outros.

Em 1965, chegou do Japão o professor Takei, que abriu uma escola de judô na rua 7 de Setembro e era também um massagista muito conceituado e de grande capacidade de cura ortopédica.

A grande vitrine do esporte na região, naquela época, eram os Jogos Noroestinos, de esportes amadores, que envolviam as cidades em torno da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Outra disputa importante era o Campeonato da Alta Noroeste, que abrangia municípios da região de Bauru até Corumbá, um certame exclusivo de judô. É importante lembrar que naquela época as competições eram usadas para promover a graduação dos judocas.

Em 1968, sensei João Shimabukuro fundou a Associação Mifune de Judô em Campo Grande, um passo importante para a fundação de uma federação. A Mifune era uma entidade em que diversos senseis davam aula, além de vários professores convidados de fora do Estado. Apoiando e incentivando uns aos outros, todos tinham sua profissão e se doavam pelo amor de estar num dojô e não por dinheiro. Conviviam como se fossem uma grande família, receptiva a novos membros.

Em outubro de 1969, foi escolhida a primeira diretoria provisória da Federação Mato-Grossense de Judô, cujo presidente era Maurício Tibana. Outro evento importante foi a vinda do professor Takanori Sekine, que durante um mês ministrou aulas de judô aos faixas pretas de Campo Grande, colaborou na criação da FMTJ e coordenou o primeiro Campeonato Estudantil de Judô.

Em 1971 Campo Grande recebeu a visita de importantes dirigentes do judô nacional: Katsuhiro Naito, presidente da FPJudô; Hiroshi Yamamoto e Ikuo Onodera, membros da comissão técnica da FPJudô; e Antônio Alves da Federação Guanabarina de Judô; comandados por Augusto Cordeiro, da Confederação Brasileira de Pugilismo (o judô ainda era um departamento da CBP).

Naquela época muitos atletas estavam destacando-se, entre eles Bernardo Oshiro, Celso Gouveia, Paulo, Ibrahim Zaher, Elias Saliba, cabo Hélio de Lima, Pedrão de Dourados, Edmundo Curvo e outros.

Vários professores vieram posteriormente e deram grande colaboração ao judô, entre os quais Romeu Pires, Terazaki, Manao Nimomia, Nélson Arazawa, Ikuo Onodera, Chiaki Ishii, Takanori Sekine, Hiroshi Yamamoto, Satoru Nukarya, Yoshinori Okumoto, Rui Gibin Lacerda, Miguel Suganuma, Setsuo Takahashi e Massao Shinohara. Com isso o judô pôde expandir-se ainda mais para outras cidades.

Em agosto de 1973 chegou de São Paulo o sensei Roberto Mitio Harada, com 26 anos e já graduado faixa preta 3º dan, formado em Educação Física em Bauru (SP), técnico desportivo em judô pela USP e com estágio no Japão na Universidade Tokai e Instituto Kodokan com o professor Sumiyuki Kotani (9º dan). Harada veio contratado para ministrar aulas de judô na Universidade Estadual de Mato Grosso (hoje UFMS) no curso de Educação Física e Prática Desportiva.

Como a federação do Mato Grosso tinha sido fundada em 1972, com sede em Cuiabá, Harada empenhou-se com Maurício Tibana para criar uma nova entidade com sede em Campo Grande e a primeira diretoria da FJMS foi composta por Massao Tadano, presidente; Raul José de Carvalho, 1º vice-presidente; capitão Bibiano de Oliveira, 1º secretário; Gentil Zocante, 1º tesoureiro; e Roberto Mitio Harada, diretor técnico.

Em 1975 já havia diversos lugares para praticar a modalidade em Campo Grande, como o Judô Clube do SESI, a universidade estadual, Associação Nipo Brasileira e Associação Mifune. Em Dourados funcionava a Associação Risei Kano, e mais tarde a Associação Judokan. Em Corumbá existia a Academia de Judô Kodokan. Em Glória de Dourados havia o dojô do sensei Pedro Tsutumi. Foi quando Maurício Tibana passou o comando do judô da região para Roberto Harada.

Em Cuiabá funcionavam a Academia de Judô e Cultura Física de Cuiabá, Associação Edmundo Curvo, Judô Clube SESI e mais tarde a associação criada por Fenelon Oscar Muller, pai de David Moura, vice-campeão mundial dos pesos pesados. Fenelon foi o primeiro mato-grossense a participar de certames internacionais. O sensei Manao Nimomia havia mudado de Campo Grande para Rondonópolis, próspera cidade mato-grossense.

Com a divisão do Estado, em 1977, o Sul voltou a ficar sem representação e os senseis que já atuavam naquela região retomaram a batalha para fundar a federação do Estado de Mato Grosso do Sul.

No ano de 1979 foi fundado o Fac-símile do Correio do Estado de 22 de dezembro de 1976, com notícias sobre o judô do MS na capaJudô Clube Rocha, do professor João Batista da Rocha, e em 1980 o Judô Clube Zendokan, do professor Roberto Mitio Harada, em Campo Grande. Logo em seguida, surgiram dojôs em Maracaju e Três Lagoas, com os professores José Fernando de Campo e Valdecir Sanches, respectivamente.

Finalmente em 23 de setembro de 1980 a Federação de Judô de Mato Grosso do Sul foi fundada com uma peculiaridade única na época: a partir da legalização da entidade, para dar aula os professores tinham de possuir no mínimo o ni-dan (2º dan) e, para ser responsáveis por associações de judô, teriam que possuir também o nível superior com graduação em Educação Física. Assim iniciou a história da FJMS.

A semente plantada por Hideki Yoshida em Campo Grande, em 1946, germinou, cresceu e tornou-se uma árvore que vem produzindo frutos em todas as regiões do Estado, exibindo um talento forjado na qualidade e na habilidade técnica de seus antepassados.

A Federação de Judô de Mato Grosso do Sul possui hoje 61 clubes e associações filiadas, cerca de 2.500 judocas federados e mais de 6.500 praticantes cadastrados no sistema Zempo da Confederação Brasileira de Judô.