Olimpíada não admite erros!
Os Jogos Olímpicos são uma competição onde não há espaço para erros. A brasileira Rafaela Silva, uma das favoritas à conquista de medalha em Londres, começou muito bem no seu primeiro combate contra a alemã Miryam Roper.
Comandando as ações da luta e muito segura, Rafaela não cometeu erros e venceu sem dificuldade, com dois yukos. Ela é a atleta mais jovem da seleção brasileira, com apenas 19 anos, estava estreando em Olimpíada e tinha tudo para ter ido bem mais longe.
Sem ter sofrido desgaste físico na estreia, Rafaela começou a segunda luta, contra a húngara Hedvig Karakas, solta, mais à vontade e extremamente tranquila. Levando vantagem na pegada, a brasileira já havia desequilibrado a adversária quando, de repente, buscando a vantagem, entrou com um kata-otoshi, técnica utilizada há muitos anos, na qual o atleta, para projetar o adversário, se joga ao solo, segurando a perna do oponente para finalizar a técnica.
Desde a mudança da regra, essa técnica continua sendo utilizada, mas sem segurar a perna, o que agora é ilegal. Rafaela segurou a perna da húngara. Quando Hedvig Karakas bateu com as costas no chão, o árbitro central marcou wazari. Mas, logo em seguida, deu mate e foi observar o vídeo. Eu pensei que a pontuação fosse ser corrigida para ippon.Revendo as imagens fica nítido que existe o ataque na perna húngara, que é proibido.
O árbitro retirou o wazari e deu a punição, desclassificando Rafaela. É importante lembrar que era uma luta onde a brasileira estava extremamente superior. Naquele momento, paciência era fundamental para colocar vantagem no placar e hoje faltou paciência à Rafaela.
Pessoalmente, sou a favor da regra nova, que proíbe o atleta de atacar as pernas do seu oponente. A regra faz com que o judô volte às suas origens, volte a ser plasticamente bonito, não deixando que o judô se transforme num outro esporte, que seria a “luta olímpica de quimono”.
ROGÉRIO SAMPAIO
CAMPEÃO OLIMPICO DE JUDÔ