Projeto Futuro completa 20 anos e ganha de presente sua Arena olímpica
23’Mar’2006 – Divulg.JUDOBRASIL
Festejado como principal centro de excelência no Brasil, o judô do Projeto Futuro completa neste ano de 2006, duas décadas de glorias. Como presente dessa longevidade, será inaugurada oficialmente nesta sexta-feira a Arena Olímpica de Judô. Construída graças a um convênio firmado entre o Governo do Japão e a Federação Paulista de Judô, comandada por Francisco de Carvalho Filho, o espaço teve o esforço decisivo dos professores Okano e Sekine que fizeram a aproximação entre as entidades, além de José Roberto Canassa que, literalmente, transformou o sonho em realidade.
O inicio
Criado em 1984 por iniciativa do então governador de São Paulo, Franco Montoro, o Projeto Futuro teve o atletismo como sua primeira modalidade. O judô foi incorporado apenas em 1986, tendo na formação de sua comissão técnica nomes como Walter Carmona, Luis Shinohara, Floriano de Almeida, Marcelo Mozilli e Mario Endo.
O principal compromisso do Projeto Futuro consistia em realizar eliminatórias no interior do estado, escolher os melhores judocas da categoria juvenil e trazê-los para a capital dando-lhes condições de desenvolvimento técnico, físico e psicológico além de moradia, alimentação, assistência médica e educação, sem contudo, interromper o vínculo do atleta com seu clube de origem..
No primeiro ano do Projeto Futuro, os judocas, alojados sob a arquibancada do ginásio Geraldo Jose de Almeida, no Ibirapuera, treinavam em dois perídos, com parte física pela manhã e técnica à noite. No ano seguinte, em 87, a Secretaria de Esportes, com o patrocínio da Brahma, ergueu um prédio de 3 andares para abrigar conjuntamente os atletas do judô e atletismo. O novo local era equipado com quartos para duas pessoas, banheiros coletivos, refeitório, sala de jogos, sala de estudos, fisioterapia e administração.
A primeira turma de judocas do Projeto Futuro contava com 35 atletas das mais variadas cidades como Bauru, Santos, Botucatu, Limeira, Campinas, Olímpia, Jundiaí, São Jose dos Campos, Lucélia, Rio Claro, Sorocaba, Votuporanga, Fernandópolis, Lorena, Osasco entre outras.
Os primeiros frutos
No final de 1986, o Projeto Futuro já se tornara referência no estado, deixando para trás os até então famosos treinamentos da Federação Paulista de Judô. No final de 1987, os primeiros grandes resultados. Na seletiva nacional para a escolha da equipe Junior que representaria o pais no Campeonato Mundial Estudantil, no Japão, e que aconteceria no ano seguinte, o Projeto Futuro emplacou 5 atletas nas sete categorias em disputa.
Em 1988, ano das Olimpíadas de Seul, a seleção brasileira encarou várias etapas de sua preparação nos tatames do Projeto Futuro. Medalha de ouro naquela competição, Aurélio Miguel nunca escondeu a admiração pelo volume de treinamento oferecido pelos judocas residentes, tanto que no ano seguinte entregou seu judogui para o meio-pesado Paulo Roberto Saldanha, por considerá-lo seu sucessor natural.
Em 1989, o Projeto Futuro passou por mudanças significativas. Walter Carmona e Luis Shinohara já não eram mais os técnicos. Floriano e Mozzili assumiram total e absoluta responsabilidade. Naquele ano, explodiu o conflito entre atletas do selecionado nacional e a CBJ, presidida por Joaquim Mamede. O Projeto Futuro se transformou numa espécie de foco de resistência.
Em determinado momento da briga, um abaixo-assinado circulou nos bastidores do Projeto Futuro. Diversos atletas, mesmo ainda em processo formação, não se furtaram em assinar o documento em apoio a seus ídolos. Alias, posicionamento nunca foi problema naqueles anos.
Fazendo historia
Em 92, após 6 anos de seu inicio, o judô do Projeto Futuro se tornara um Centro de Formação consolidado. Nas Olimpíadas de Barcelona, viu alguns de seus atletas figurarem na equipe B olímpica. A partir de 93, o Projeto ingressou definitivamente na seleção brasileira principal ao incluir pela primeira vez em sua história dois de seus atletas (Carlos Bortole e Branco Zanol) na equipe que participaria do Campeonato Mundial sênior, no Canadá.
Nos anos seguintes as boas noticias se sucederam, tanto que nas Olimpíadas de Atlanta lá estavam Alexandre Garcia – hoje técnico do PF – e Branco Zanol, ambos do Projeto Futuro. Em 1997, Fulvio Miyata foi bronze no Mundial sênior realizado em Paris, numa campanha quase impecável. No segundo semestre de 98, o Brasil conquistou o inédito titulo de vice-campeão mundial por equipes com Fulvio e Branco na equipe. Em 2000, a consagração definitiva. Tiago Camilo, que a exemplo de Fabiane Hukuda e Leonardo Eduardo, já havia sido campeão mundial Junior, ficou com a medalha de prata nas Olimpíadas de Sydney. No inicio do século 21 o Projeto Futuro ainda viu Francisco Camilo e Mario Sabino, algumas de suas ‘ crias’, serem campeões dos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo.Sabino ainda foi bronze no Mundial daquele ano.
Novo século
Responsabilidade angariada ao longo de décadas, o Projeto Futuro chega em 2006 tentando manter a mesma magia de seus primeiros anos. Remodelado em seu espaço físico e agora sob o guarda-chuva da FPJ – que mesmo debaixo de algumas criticas contratou Hatiro Ogawa para coordenar seus treinamentos -, o Projeto tem sobre si a expectativa de se manter na vanguarda do judô brasileiro. Enfim, um desafio à altura.