Só deu Pinheiros na final do Grand Prix Nacional de Judô, neste domingo (27/11), no ginásio da Universidade Gama Filho/RJ. A equipe paulista foi campeã no masculino e no feminino. Entre os homens, o Pinheiros/Kimonos Shihan conquistou o ponto que faltava e venceu a Gama Filho por 3 a 0 na melhor de cinco (somando o 2 a 0 trazido de São Paulo), com Imes/São Caetano em terceiro. Na disputa das mulheres, o Pinheiros passou pelo São Caetano por 2 a 1, numa série cheia de emoção. A Oi/Sogipa ficou em terceiro. Tiago Camilo, do São Caetano, e Paula Rodrigues, da Gama Filho, ganharam o troféu de atletas mais técnicos da competição. Já Daniel Hernandes, Edinanci Silva e Fernanda Pires levaram a taça pelo ippon mais rápido.
“Esse título estava engasgado desde 2003!”, vibrou o meio-leve Leandro Cunha, que decidiu a vitória por 3 a 1 no confronto deste domingo ao derrotar Vitor Ferraz por koka.
“O São Caetano tinha vencido muito fácil no sábado e isso nos fez buscar a vitória com ainda mais vontade. Cada dia é um dia e hoje foi o nosso”, disse a experiente Andréa Berti, que defendeu o Brasil nos Jogos Olímpicos de Barcelona 92 e Atlanta 96. “Gosto muito do que faço. E mostrei que agüento bem o pique das meninas”, brincou ela, que enfrentou a jovem Juliene Ariecha na luta que fechou o placar em 2 a 1 para o Pinheiros, conquistando um ippon a 36 segundos para o fim.
A luta mais esperada do dia, entre o holandês campeão mundial Guillaume Elmont, do Pinheiros, e o medalhista olímpico da Gama Filho, Flávio Canto, foi justamente a que abriu os combates da grande final. Resultado: empate.
“Usamos táticas diferentes. Ele ficou esperando mais eu atacar e acabou se dando melhor. Eu poderia ter sido mais agressivo em alguns momentos, mas faz parte. A luta foi boa”, comentou Canto, elogiando a participação da jovem equipe da Gama Filho no Grand Prix. “O Pinheiros é mais experiente e bobeamos em São Paulo, quando perdemos por 2 a 0. Nosso objetivo inicial era ficar entre os quatro. Poderíamos ter sido campeões, mas o vice-campeonato foi bom”, continuou o meio-médio.
Elmont, por sua vez, garante ter aproveitado ao máximo sua passagem pelo Brasil embora em seis confrontos contra brasileiros ele tenha vencido apenas dois (uma contra Flávio Canto e outra contra Tiago Camilo), empatado um (Canto) e perdido três (para Camilo).
“Canto e Camilo são dois atletas que eu considero um dos sete melhores do mundo. Foi muito importante ter lutado com eles. Ganhar ou perder não importa”, disse o holandês medalha de ouro no Mundial do Cairo, em setembro.
Reconhecido como atleta mais técnico da competição, Tiago Camilo se surpreendeu com o título.
“Realmente o Grand Prix foi muito positivo para mim. Meus bons resultados foram fruto de muito trabalho, que começou lá atrás. As coisas boas estão voltando a acontecer para mim”, comentou Camilo, que durante o GP venceu Flávio Canto (waza-ari) e Elmont (ippon, waza-ari e yuko).
Paula Rodrigues, a mais técnica do feminino, também foi pega de surpresa.
“Senti que fui bem nas lutas, mas não esperava esse prêmio”, disse a peso leve da Gama Filho.
Os “ligeirinhos” do Grand Prix, o pesado Daniel Hernandes e a meio-pesado Edinanci Silva (que dividiu a proeza de aplicar um ippon com 13 segundos de luta com Fernanda Pires, do Pinheiros), tentavam explicar o feito. O ippon aos sete segundos de Hernandes foi o mais rápido das três edições do Grand Prix.
“Foi muita vontade de ganhar. Estava pensando 100% no Grand Prix”, disse Daniel, do Pinheiros.
“A gente entra elétrico para lutar. Qualquer descuido do adversário é fatal”, avaliou Edinanci, do São Caetano, exaltando a participação do judô feminino no GP. “Atletas e organização estão de parabéns. O feminino especialmente: foi até mais emocionante do que o masculino. As quatro equipes eram muito equilibradas, e os confrontos eram decididos ponto a ponto. Cada luta surpreendia”.