Depois de entrar para a história do judô brasileiro ao conquistar a primeira medalha de ouro em Mundiais, o gaúcho João Derly, 24, quer lucrar com a façanha.
Recebendo R$ 1.300 mensais da Sogipa (Sociedade de Ginástica de Porto Alegre), onde treina, ele desembarcou ontem no Rio com uma proposta para competir por um clube da Geórgia (ex-república soviética).
“Vou dar uma descansada nestes próximos dias. Depois, vou discutir direitinho com os dirigentes de lá”, disse Derly, que não revelou o nome do clube nem o valor da oferta.
No sábado, ele conquistou o primeiro ouro do país em Mundiais –lutou na categoria meio-leve (até 66 kg) no Egito.
A proposta do clube da Geórgia é para Derly disputar campeonatos na Europa já neste semestre.
“A medalha mostrou que a minha vida pode mudar. Logo no dia seguinte da conquista, os dirigentes da Geórgia já estavam me procurando no ginásio e fazendo a proposta”, disse ele, eleito o melhor atleta da competição.
A oferta do exterior foi a primeira a chegar para Derly, que quer aproveitar a boa fase para viabilizar patrocínio exclusivo. Até ontem, não havia recebido proposta.
“Precisamos dessa ajuda. Será importante montar boa estrutura para continuar no alto nível.”
O judoca só tem garantida a premiação prometida pela Confederação Brasileira de Judô. A entidade vai pagar R$ 20 mil pela conquista do ouro ao atleta.
Além dos R$ 1.300 mensais, Derly recebe ajuda de custo da Sogipa para alimentação e educação. No total, a agremiação repassa cerca de R$ 2.300 a ele, que é treinado por Antônio Carlos Pereira, o Kiko, professor do clube e também seu preparador físico.
“Temos que melhorar a estrutura para o João chegar bem nas próxima competições. Ele já mostrou o potencial dele, agora temos que conseguir mais dinheiro para montar uma estrutura compatível com o título”, afirmou Kiko.
Derly teve uma atuação impressionante no Mundial. Ganhou quatro das seis lutas por ippon.
Na final, bateu o japonês Masato Uchishiba, ouro nos Jogos de Atenas-04 e tido como favorito.
“A vitória dele foi histórica. Ganhar do Japão, que tem o melhor judô do mundo, é como se a seleção de futebol tivesse sido goleada numa final de Copa do Mundo. Estamos em êxtase”, disse o presidente da CBJ, Paulo Vanderlei.
Apesar do baixo salário, o dirigente disse que o judoca tem “uma estrutura espetacular”.