Tributo a Lhofei Shiozawa, por Chuno Mesquita
Texto de Chuno Mesquita, 7º Dan e membro do Conselho Nacional de Graduação da Confederação Brasileira de Judô

“O judô ficou mais pobre no dia três de novembro de 2008, e digo, não só o judô brasileiro, mas, o judô internacional. Judocas de todas as partes que tiveram a felicidade de ver Shiozawa em ação com certeza, hoje estão de luto. Shiozawa foi simplesmente um dos maiores judocas de todos os tempos no Brasil, sua técnica de judô era incrivelmente suave e tremendamente objetiva.

Há cerca de um ano atrás em uma universidade no Rio de Janeiro um aluno perguntou a ele qual era a sua queda favorita, ele humildemente falou que nunca teve queda favorita, ele disse que quando lutava as técnicas fluíam em seu corpo e ele então as executava, disse que nasceu com um “dom”, que ele mesmo não sabia explicar.

Lhofei Shiozawa, suas lutas terminavam com ele impecavelmente arrumado, seu judogui jamais saía de dentro da amarração de sua faixa, seus adversários caiam para ele como em um passe de mágica.

Lhofei Shiozawa, ele foi a síntese do judô que Jigoro Kano criou, a técnica, a beleza, a sutileza e a objetividade.

Lhofei Shiozawa, para ele não havia pessoas fortes, nem grandes, nem pesadas, para cada dificuldade que surgia à sua frente ele tinha um receita infalível, que podia ser um sassai-tsuri-komi-ashi, um de-ashi-harai, um utimata, ou qualquer uma técnica do gokio, tudo isso com uma postura de gigante, apesar de seus cerca de 1.70 m.

Vai Shiozawa, que seu nome seja sempre lembrado em nossas galerias, não somente a dos ídolos, mas principalmente na galeria das pessoas íntegras que o tempo todo soube se colocar como um grande cidadão.

Vai Shiozawa, que seu nome vire uma lenda e fique na lembrança de todos aqueles que amam a essência judô de Jigoro Kano”